sexta-feira, 18 de outubro de 2013

O que estou lendo, por Giliard Barbosa

Foto: Google

115 páginas


Com um prefácio de Jean-Pierre Siméon, o livro reúne 50 poetas contemporâneos das literaturas de língua francesa, em uma antologia realmente interessante. Tão interessante quanto os poemas é o próprio prefácio, que contém reflexões bastante intrigantes, advindas do olhar de um literato por excelência, um poeta que teoriza.



Aí vai um pequeno excerto do prefácio:



"Lire un poème, ce n'est pas l'expliquer. Connaître parfaitement les lois de l'aérodynamique et de l'équilibre, tout savoir du mécanisme du pédalier, ça n'est pas faire du vélo et ça n'apprend pas à faire du vélo. Ce n'est évidemment pas inutile pour devenir champion cycliste mais on n'a aucun besoin de champion de poésie. De toute façon, est-ce qu'on a besoin qu'il y ait des champions cyclistes pour être soi-même heureux sur un vélo...

Comprendre un poème ce n'est pas être capable d'en parler. Plus on aime, moins on trouve, le plus souvent, les mots pour le dire. L'émotion suffit pour savoir qu'on se comprend. René Char, encore lui, le savait bien qui nous avertissait: 'Dans mon pays on ne questionne pas un homme ému.'"  (p. 20)



Tradução minha:

"Ler um poema não é explicá-lo. Conhecer, com perfeição, as leis da aerodinâmica e do equilíbrio, saber tudo a respeito do mecanismo dos pedais não é andar de bicicleta e não ensina, tampouco, a fazê-lo. Evidentemente que este conhecimento é útil para aquele que deseja tornar-se um campeão do ciclismo, mas não há necessidade alguma de se ter um campeão da poesia. De qualquer forma, nós necessitamos da existência de campeões ciclistas para sermos nós mesmos felizes sobre uma bicicleta...
Compreender um poema não é ser capaz de falar sobre ele. Quanto mais amamos, menos encontramos as palavras para dizê-lo. A emoção basta para saber que se compreende. René Char, mesmo ele, sabia bem o que nos advertia: "Em meu país, não se questiona um homem emocionado"."




E, pra finalizar, um poema:



TON REGARD. TA VOIX
Charles Juliet

tu parais

ton regard s'empare du mien
m'enveloppe de silence de tendresse

ta voix garde l'empreinte
de ce qui t'a meurtrie
et pourquoi naguère n'ai-je pas été là
pour empêcher que survienne
l'épreuve qui t'a laissé cette fêlure

tu parais

mes cinq sens se mettent à l'affût
se tendent avidement vers ta bouche
tes seins tes flancs
vers tes mains prometteuses

c'est toi qui donnes sens et saveur
à ma vie
et pourtant tu es ma blessure
c'est toi qui me fait grandir






Voilà! Até a próxima.

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