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A banda britânica Tears for Fears chegou a ser considerada uma das mais
importantes do planeta nos anos 80. O grupo possui, na sua bagagem oitentista,
pelo menos dois discos antológicos: The
Hurting (1983) e Songs from the Big
Chair (1985).
No entanto, a dupla se separou em 1990. E, desde então, quando se fala no grupo de Roland Orzabal e Curt Smith, são lembradas somente canções de seu auge comercial, como “Shout”, “Woman in Chains”, “Head Over Hills”, só para citar alguns exemplos. Roland Orzabal até tentou manter o nome Tears for Fears, com Raoul and the Kings of Spain, de 1995. Tratava-se de um álbum mediano, apesar de possuir alguns bons momentos. Infelizmente ainda não era o retorno do Tears for Fears...
No entanto, a dupla se separou em 1990. E, desde então, quando se fala no grupo de Roland Orzabal e Curt Smith, são lembradas somente canções de seu auge comercial, como “Shout”, “Woman in Chains”, “Head Over Hills”, só para citar alguns exemplos. Roland Orzabal até tentou manter o nome Tears for Fears, com Raoul and the Kings of Spain, de 1995. Tratava-se de um álbum mediano, apesar de possuir alguns bons momentos. Infelizmente ainda não era o retorno do Tears for Fears...
O retorno oficial da dupla se deu em 2004, com Everybody Loves a Happy Ending . O que era para ter sido um
acontecimento na música pop se tornou um lançamento obscuro. No momento que a
banda atingia a sua maturidade musical, ninguém mais estava disposto a
ouví-los. O disco não fez sucesso. Tanto imprensa quanto público deixaram
passar despercebida essa pérola, que está completando 10 anos.
Talvez o deslumbramento do mercado com a cena indie, que era tida como salvação do rock, tenha feito com que o
álbum caísse no ostracismo. The Killers, Franz Ferdinand & Muse eram
reverenciados. Radiohead, o baluarte do rock alternativo. Dessa forma, o Everybody é, até hoje, um disco a ser
descoberto. Da mesma maneira que é um álbum pop acessível (capaz de agradar
tanto o roqueiro mais ranzinza como o fã de Bee Gees), tem o potencial de
clássico.
Caro leitor: pense em uma banda influenciada pela sonoridade dos Beach
Boys e The Zombies - tem muito dessas duas bandas em Everybody Loves a Happy Ending. Coloque um pouco da pretensão do
Queen em arranjos sofisticados. Tudo com uma dose generosa de Beatles. Claro, as raízes da banda continuam
presentes, seja no talento que sempre tiveram de escreverem canções descaradamente
pop, mas com excelente qualidade, seja no flerte com o eletrônico.
É um disco que prima pela qualidade melódica e pelo apuro na produção. Sim,
a produção é um luxo! Cada detalhe cuidadosamente trabalhado, várias camadas de
vozes, teclados nos devidos lugares (sem soarem excessivos), guitarras
azeitadas, bem timbradas e a cozinha funcionando como um relógio suíço. No que
tange às melodias, as influências já citadas são determinantes. Soam como se o
rock inglês clássico estivesse ressurgindo numa roupagem pós-2000. Bem acabadas
e em alguns momentos arrojadas, sem perder os pés do pop.
Mesmo que as influências sejam, na sua maioria, clássicos dos anos
60 e 70, o resultado final soa atemporal. Dez anos depois, ainda é um disco
surpreendente e não perdeu nada do seu vigor. Entre os vários destaques estão:
A faixa-título (uma obra-prima em termos de arranjos vocais e instrumentais), a
balada pungente “Closest Things to Heaven” (na qual Curt Smith faz um trabalho
perfeito na linha do baixo), a introspectiva “Who Kills Tangerine”, “Who You
Are” (outra balada linda, de arrancar lágrimas do ouvinte, cantada por Curt num
falsete cheio de emoção) e Secret World.
Assim, Everybody Loves a Happy
Ending, fica como sugestão aos leitores interessados em ouvir boa música. Trata-se de um disco que merece uma chance,
uma audição atenta.
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