LXXVII
Esta é a casa, o mar e a bandeira.
Errávamos por outros longos muros.
Não achávamos a porta nem o som
desde a ausência como desde mortos.
E ao fim a casa abre o seu silêncio,
entramos a pisar o abandono,
os momentos mortos, o adeus vazio,
a água que chorou no encanamento.
Chorou, chorou a casa noite e dia,
gemeu com as aranhas*, entreaberta,
se desgastou desde seus olhos negros,
e agora de repente a revolvemos viva,
a povoamos e não nos reconhece:
tem que florescer, e não se acorda.
Pablo Neruda, in: "Cem Sonetos de Amor". L&PM Pocket,
2007. p.88
*pequenas carruagens puxadas por cavalos
Pablo Neruda é magnifico em sua poesia. Ótima escolha.
ResponderExcluirAbraços.