quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Messe, por Rui Neves

imagem: acervo pessoal.

#chá com autores da aldeia
#autores alegretenses


no agosto
o vento soprou forte e frio
tua voz ficou rude e destemida
do rosto do homem
na miséria da rua
fizeste
em
ti
um canto de revolta


as veredas da rua te afundam vales
e viram teu olhar comprometido

tua voz ecoou na coxilha e na várzea
e fizeste teu canto
o dos oprimidos

partiste em busca de foices
nas lavouras
e o trigal balançou espigas maduras

punhos cerrados vibram no ar e te segue
para quebrar os elos das correntes

haverá mais pão e riso na criança
e a paz fecundará o arrozal na safra

o homem da terra
com olhar de outono
sorrirá contigo
na festa da colheita.

[Sedimentos da Manhã, 1985. pg. 6]


 Rui Neves é alegretense. Publicou o livro Sedimentos da Manhã (1985), além de colaborar com revistas e jornais locais. Vive em Alegrete. 

2 comentários:

  1. lido meu pai, foi e deixou tua poesia crua sem aditivos em busca de melhores sociais,teu poema vou levar junto com teus conhecimentos,26/0741 a 10/3/14

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  2. Perda lastimável a do Rui Neves. Por aqui, a poesia dele sempre estará presente.

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